Lavagem de esperma

Os homens que vivem com HIV/Aids e desejam ser pais não devem perder a esperança de exercer a paternidade. Uma técnica desenvolvida pelo cientista italiano, Semprini, a lavagem de esperma é conhecida pela separação de espermatozóides com HIV e tem zero por cento de risco de infecção do vírus para o bebê, de acordo com médicos.
Segundo o médico responsável pela Clínica de fertilização Huntington, Dr. Eduardo Motta, essa técnica é relativamente simples e consiste em filtrar os espermatozóides móveis e separá-los do resto do sêmen como um todo. De acordo com Motta, o vírus HIV está presente no sêmen, porém nas células mortas do espermatozóide e, por um motivo desconhecido, não consegue adentrar no espermatozóide vivo. Com a lavagem de esperma, o médico separa apenas os espermatozóides vivos - que não contêm o vírus da Aids - e os introduz no útero da mulher no período da ovulação.
Para o diretor clínico do Centro de Reprodução Humana de Campinas, Dr. Daniel Faundes, uma das clínicas pioneiras a disponibilizar este tipo de tratamento há sete anos, a técnica é uma “evolução e permite que a pessoa com HIV/Aids sinta a satisfação de ser pai ou mãe”, disse. O médico, que já realizou a lavagem de esperma em mais de 20 casais, não esconde que existe receio por parte deles. “Eles só ficam tranqüilos após o terceiro mês de gravidez que é quando a mulher faz o teste e confirma que o bebê não está infectado pelo vírus. Há uma grande preocupação em ter um filho sadio”, comentou.
O processo é exatamente para minimizar os riscos de infecção e é indicado para casais sorodiscordantes, o homem deve ser HIV positivo e a mulher, não. Segundo Dr. Motta, o que se tem feito nos casais, além da filtragem, é a dosagem do esperma recuperado. “Quantificamos a presença ou não do vírus HIV no material filtrado. Essa é a contra prova de que está tudo em ordem, exatamente para que o casal tenha risco zero”, explicou o médico. Dr. Faundes afirmou que a lavagem é muito segura e que “até agora nunca foi descrito na literatura médica um caso de infecção com essa técnica”.
De acordo com Dr. Motta, os pré-requisitos para o homem que vive com HIV/Aids iniciar este tratamento de lavagem do esperma é de que tenha a carga viral indetectável e fundamentalmente com os valores de CD-4 acima de 200. “Com isso traduzimos que a doença não está em atividade”, afirmou.

Na clínica Huntington, em São Paulo, o custo da inseminação intra-uterina é de R$ 2 mil, incluso a lavagem. E a contra prova custa ao redor de R$ 500. Já no Centro de Reprodução Humana de Campinas, a purificação do sêmen custa aproximadamente R$ 2 mil e a inseminação, R$ 1500. Se houver a preferência pela fertilização in-vitro, o preço sobe para cerca de R$ 12 mil. Vale lembrar que a técnica não está disponível no sistema público de saúde.
Tatiana Vieira e Maurício Barreira