
De acordo com algumas mulheres vencedoras, é possível ser feliz, mesmo doente. E elas falam disto nos livros recém-chegados ao mercado editorial. Um é o lançamento da editora Parêntese, sob o título “Flash - Você sabe o que eu tenho?”, escrito pela servidora pública Silmara Retti, nascida em Valentim Gentil, e que hoje vive em Ubatuba, que descobriu ser portadora do vírus da Aids e decidiu tornar pública a notícia. Silmara sem dúvida alcança o leitor por meio de seu depoimento comovente e sincero. Ela chega a inúmeras outras pessoas às quais fala por meio de seus escritos, apontando que a doença não é um fim em si mesma, mas pode ser o início de uma nova e rica trajetória transformadora do cotidiano de muitos que não sabem, ou não querem, entender que a vontade de viver está dentro de cada um. O outro livro é o lançamento da editora Thomas Nelson Brasil, que recebeu o título “Você é mais forte que o câncer”, escrito a quatro mãos pelas americanas Laura Geist e Susan Sorensen, que tiveram câncer. Susan, acometida de um câncer na tireóide aos 19 anos, foi pega por um de mama, também, aos 40.
Já Laura também foi alcançada pelo câncer na mama aos 40. Juntas decidiram que não iam deixar que tantas mulheres que como elas tiveram a doença, mergulhassem no fundo de um poço sem esperança. Reuniram dezenas de depoimentos, de guerreiras que como elas, que decidiram ser mais fortes que o câncer, e o resultado está no livro. Em comum, todas elas têm uma história de superação e, no centro um componente espiritual de fé e esperança em Deus. Crêem que por Ele estar no comando de suas vidas, não há motivo para a descrença, mesmo diante de uma doença considerada incurável como algumas são declaradas pela medicina dos homens. Dentre os diversos depoimentos que os livros trazem, há além da evidente crença em um algo superior, a certeza de que receber o apoio de pessoas e entes queridos faz com que as células se regenerem. Além disto, é claro, que o uso correto das medicações adequadas pode fazer verdadeiros milagres a quem ama estar vivo.
Viver é algo tão intenso que não pode ser menosprezado
Muitas vezes só se aprende dar o real valor da vida, quando se esteve perto de perdê-la. Daí a vontade de viver é tudo o que resta, e também se torna a mola propulsora para ações que antes pareciam sem importância. Ter atitude é uma delas. Falar de uma doença que pode matar, sem preconceitos, e mostrar que também pode ser superada, e mesmo que não possa, que deve ser vista como um mal menor, são algumas das posturas adotadas por diversas mulheres que optaram por se curar através da fé. E, certamente, hoje com muito mais garra de viver elas se tornaram escritoras. A fé tornou Silmara Retti autora do livro “Flash - Você sabe o que eu tenho?” (ed. Parêntese) e o mesmo aconteceu com as americanas Susan Sorensen e Laura Geist, que lançaram “Você é mais forte que o câncer” (ed. Thomas Nelson Brasil). Em comum elas têm a vontade de contar ao mundo que é possível enfrentar qualquer doença com espírito vitorioso.
Silmara Retti conta como aprendeu a conviver com o fato de ser uma portadora de HIV. Além de escrever, hoje incentiva por meio de seu livro, o trabalho de educação em algumas escolas estaduais de Ubatuba. Com isto, além de receber manifestações de carinho de pessoas de diversas idades, leva informação para todos sobre a doença. A exemplo de Silmara, as americanas Susan e Laura, que reuniram-se para contar como Deus começa a agir onde o homem não pode, passaram também a dar palestras pelo mundo afora, para crianças e adultos, falando de superação. Isto porque ambas tiveram câncer, uma aos 19 anos e a outra aos 40, e decidiram que não iam mais ser vítimas e sim vencedoras. Hoje, mostram que há alguém no controle das nossas vidas, que pode orientar e guiar cada passo, a fim de ajudar na superação de seja qual for o obstáculo.
Em todos os casos, a única certeza é que a família, ao lado de amigos e sem dúvida alguma das pessoas que integram os diversos serviços de saúde, são os alicerces necessários para dar solidez a estas pessoas que mesmo vitimadas por doenças graves não desistem de viver, e com muita alegria. Além disso passam a usar suas histórias como exemplo de que é possível, sim, ser feliz apesar da doença, e demonstram que não se pode apenas cruzar os braços diante da vida, quando ela ameaça o equilíbrio aparente. É preciso ter fé e continuar lutando, sempre. “Tive pânico quando deixei que todos os meus medos me dominassem e paz quando minha mente e meu coração se voltaram para Deus e para quem Ele é”, afirma Debbie Pettersen, em depoimento dado no livro “Você é mais forte do que o câncer”.
Também nesta postura se põe Silmara, autora do livro “Flash - Você sabe quem sou”, que conta ter sentido algo mudar dentro de si, quando soube que era portadora do HIV. “Acredito que cresci como ser humano! Passei a ver o mundo com outros olhos, e amadureci algumas idéias. Abraço e beijo as pessoas, demonstro carinho. Procuro disbribuir forças, oferecendo tudo o que tenho de melhor”, diz. Acompanhe abaixo, a entrevista que ela concedeu ao Diário para falar como consegue manter o seu alto-astral.
Diário - O que a levou a escrever um livro que fala da sua vontade de viver?
Silmara Retti - Eu senti que precisava tomar uma atitude diante de tantos tabus em relação à Aids e assim fui amadurecendo a idéia de escrever um livro, para que as pessoas soubessem que existe vida após um resultado positivo de HIV; vida inteligente, saudável e feliz!
Diário - Quem foi que mais te motivou a lutar contra a doença?
Silmara - Eu criei forças e busquei em mim as motivações necessárias para enfrentar a realidade.Tenho auto-estima e acredito que sou capaz de superar novos desafios, mas o apoio da minha família foi fundamental.
Diário - Como foi que resolveu inverter a ordem das coisas e decidiu aderir à medicação como forma de reverter o desenrolar da doença?
Silmara - Quando eu percebi que era responsável pelo meu tratamento e que não poderia brincar com uma doença tão séria. Eu tenho sonhos e quero estar viva e saúdavel para poder realizá-los.
Diário - Está feliz hoje, com o seu dia-a-dia?
Silmara - O meu dia é intenso; eu trabalho no Programa de Dst/Aids de Ubatuba, escrevo crônicas para vários jornais, aproveito as horas de folga na praia com a família, leio um bom livro, vou ao cinema. Eu sou muito feliz porque tenho saúde mental e qualidade de vida!
Diário- Você consegue passar para os outros a sua vontade de viver?
Silmara - Eu sou uma pessoa simples, alegre, risonha e de bem com a vida. Isto é contagiante e envolve a todos numa energia bacana, sem dúvida.
Diário - Como sua família reagiu quando contou a eles sobre a doença?
Silmara - Cada um reagiu de uma maneira; os meus filhos choraram, fizeram muitas perguntas e depois disseram que me amam como eu realmente sou. Hoje todos me apoiam, inclusive minhas tias com setenta e oitenta anos. Eles adoraram o livro!
Diário - O que você acredita que as pessoas precisam fazer para se tornar mais felizes?
Silmara - As pessoas precisam acreditar nelas mesmas e, principalmente, em Deus.Nada é por acaso e tudo tem o seu tempo. Precisamos ser felizes neste momento. Amanhã já é futuro.
Diário - Nos dias em que viver fica difícil, tem algo que faz para desopilar?
Silmara- Faço caminhada na beira da praia; canto no chuveiro; alugo um DVD ou simplesmente fico bem pertinho das pessoas que amo.
Diário - Como sua espiritualidade atuou para encarar a vida com tanta disposição de vencer e ter esta postura pra cima?
Silmara - A minha espiritualidade vem de dentro para fora; Deus é o meu refúgio, a minha fortaleza e Nele confiarei.O mundo não precisa de heróis; nós precisamos de seres humanos!

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