
Cartilhas sobre Aids distribuídas pela Igreja Adventista do Sétimo Dia em São Paulo escandalizaram militantes de defesa dos portadores do vírus HIV e acenderam uma luz vermelha no Ministério da Saúde.
O material, com propósito educativo, enumera como sintomas da Aids "sapinho na boca e na garganta", "língua inchada", "diarreia durante mais de um mês" e "perda de memória e da capacidade intelectual". E classifica como "grupos de risco" os "hemofílicos", os "viciados" e os "tatuados", além dos que "se relacionam sexualmente com muitos parceiros".
Para o Ministério da Saúde, livretos desse tipo atrapalham as campanhas oficiais de prevenção da Aids. Primeiro, porque aquela lista de sintomas era realidade nos anos 80. "Não vivemos esse quadro dramático do início da epidemia. Hoje o diagnóstico é mais rápido e as pessoas se tratam", diz Ivo Brito, um dos diretores de DST/ Aids do Ministério da Saúde.
Depois, porque as autoridades de saúde já não falam em grupos de risco, mas em comportamentos de risco, como não usar preservativo.
"A informação é um dos pilares mais importantes para que as pessoas adotem práticas sexuais mais seguras. Quando a informação é segura e sem contradições, a assimilação é fácil. Mas, quando há materiais como esse [distribuído pela Igreja Adventista] gerando contrainformação, as pessoas ficam confusas e nosso trabalho é prejudicado", diz Brito.
O Instituto Vida Nova, ONG que defende os portadores do HIV, encontrou a cartilha sendo distribuída numa feira livre na zona norte de SP. Tinha o carimbo de uma igreja adventista da Vila Nova Cachoeirinha.
A Igreja Adventista do Sétimo Dia disse que o material havia sido distribuído sem o conhecimento das instâncias superiores e que está "trabalhando na identificação do responsável". O pastor James Wast, que responde pela região da Vila Nova Cachoeirinha, afirmou que não comentaria o caso.
Fonte: Folha de S.Paulo

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