sexta-feira, 3 de setembro de 2010

CRACK

O Crack é uma forma impura de cocaína, seu nome deriva do inglês "to crack", que significa quebrar, devido aos pequenos estalidos produzidos pelos cristais ao serem queimados, como se quebrassem. A fumaça produzida por sua queima chega ao sistema nervoso central em dez segundos, seu efeito dura de 3 a 10 minutos, sendo de 5 a 7 vezes mais potente do que a cocaína, o crack é também a forma mais cruel e mortífera entre os dependentes.

Causa euforia mais forte do que a cocaína, possuindo um poder avassalador para desestruturar a personalidade, agindo em prazo muito curto e criando enorme dependência psicológica, levando o usuário a usar essa droga novamente para tentar compensar o mal-estar, provocando assim uma intensa dependência.


O usuário pode apresentar alucinações e paranóia (ilusões de perseguição), entre os riscos de sofrer hemorragia cerebral (AVC) e a destruição de neurônios, também provoca a degeneração dos músculos do corpo, outros sinais importantes são euforia, desinibição, agitação psicomotora, taquicardia, dilatação das pupilas, aumento de pressão arterial e transpiração intensa. São comuns as queimaduras nos lábios, na língua e no rosto pela proximidade da chama do isqueiro no cachimbo, no qual a pedra é fumada.


A maioria das pessoas que consome bebidas alcoólicas não se torna alcoólatra. Isso também é válido para outras drogas. No caso do crack, com apenas três ou quatro doses, às vezes até na primeira, o usuário se torna completamente viciado. Após o uso, a pessoa apresenta quadros de extrema violência, agressividade que se manifesta a princípio contra a própria família, desestruturando-a em todos os aspectos, e depois, por consequência, volta-se contra a sociedade em geral, com visível aumento do número de crimes relacionados ao vício em referência. O uso do crack frequentemente leva o usuário que não tem capacidade monetária para bancar o custo do vício à prática de delitos, para obter a droga. Os pequenos furtos de dinheiro e de objetos, sobretudo eletrodomésticos, muitas vezes começam em casa. Muitos dependentes acabam vendendo tudo o que têm a disposição, ficando somente com a roupa do corpo. Em alguns casos, podem se prostituir para sustentar o vício. O dependente dificilmente consegue manter uma rotina de trabalho ou de estudos e passa a viver basicamente em busca da droga, não medindo esforços para consegui-la. O crack pode causar neurofilexia e doenças reumáticas, podendo levar o indivíduo a morte.


As principais causas de morte entre os usuários,são resultantes de brigas em geral, ações policiais e punições de traficantes pelo não-pagamento de dívidas contraídas nesse comércio. Outra causa importante são as doenças sexualmente transmissíveis, como o HIV por exemplo, por conta do comportamento promíscuo que a droga gera. O modo de vida do usuário, enfim, o expõe à vitimizacao, muitas vezes e infelizmente, levando-o a um fim trágico.


Um estudo realizado pelo pesquisador Marcelo Ribeiro de Araújo que acompanhou vários dependentes de crack internados em clínicas de reabilitação, concluiu que usuários de crack correm risco de morte oito vezes maior que a população em geral. Cerca de 18,5% dos pacientes morreram após cinco anos. Destes, cerca de 60% morreram assassinados, 10% morreram de overdose e 30% em decorrência de AIDS.
Outras drogas, sobretudo a cocaína, funcionam, via de regra, como porta de entrada para o crack por falta de dinheiro, para sentir efeitos mais fortes, ou ainda por curiosidade. Assim, na degenerescência do vício, o crack aparece como o degrau mais baixo, o "fundo do poço" para um ser humano.


Atualmente, pode-se dizer que há uma verdadeira "epidemia" de consumo do crack no País, atingindo cidades grandes, médias e pequenas.
As chances de recuperação dessa doença são muito baixas, pois exige a submissão voluntária ao tratamento por parte do dependente, o que é difícil, haja vista que a vontade de voltar a usar a droga, é grande demais. Além disso, a maioria das famílias de usuários não tem condições de custear tratamentos em clínicas particulares ou de conseguirem vagas em clínicas terapêuticas assistenciais. É comum o dependente iniciar, mas abandonar o tratamento.


Casos extremos, de famílias que não conseguem ajuda no sistema público de saúde, são cada vez mais comuns. A melhor forma de tratamento desses pacientes ainda parece ser objeto de discussão entre os especialistas. A recuperação não é impossível, mas depende de muitos fatores, como o apoio familiar, da comunidade e a persistência da pessoa com vontade de mudar. Além disso, quanto antes procurada a ajuda, mais provável é o sucesso no tratamento. Uma pessoa que quer mudar nunca deve receber críticas em relação a sua situação, deve receber muito amor, carinho e principalmente orientação espiritual.
Para sabermos mais a respeito deste assunto, entrevistamos o 1º Ten. PM Vilmar Duarte Maciel que tem uma experiência de 12 anos no trabalho de “Prevenção” ao uso de drogas e atualmente trabalha com palestras sobre drogas no Programa “Polícia Militar & Comunidade Educando Para a Vida”; também pudemos ouvir as palavras do Coordenador e Fundador da Comunidade Terapêutica “Mãe da Vida” Sr. Ednelson Bueno da Luz, o Presidente da instituição Sr. Benedito Gimenes e o um breve depoimento de Carlos (nome fantasia), um interno da “Mãe da Vida”, e ex-usuário de crack. Confira o que eles nos disseram:


A Gazeta - O crack é uma droga mais forte do que as outras?


Tenente Maciel - Sim, as pessoas que o experimentam sentem uma compulsão (desejo incontrolável) de usá-lo novamente, estabelecendo rapidamente uma dependência física e psicológica. As estatísticas mostram que os principais usuários se encontram entre a faixa de 15 a 25 anos de idade e vêm tanto de bairros pobres da periferia como de ricas mansões de bairros nobres. E um alerta, como o crack é uma das drogas de mais altos poderes viciantes, a pessoa, só de experimentar, pode tornar-se um viciado.


A Gazeta - Por que se tornou a droga mais consumida?


Tenente Maciel - Por que é barata, acessível, fácil de transportar e de efeito imediato. Estas são essencialmente as razões que fizeram do crack a droga mais consumida hoje. O crack é a “bola da vez”, quanto mais impura, mais barata é a droga.


A Gazeta - Quais fatores sociais levam uma pessoa à dependência de droga?


Tenente Maciel - Não usaria o verbo levar, pois, para mim, ele tem um caráter determinista. Usaria o verbo favorecer. Sem dúvida, há situações que favorecem o surgimento do drogado, como miséria, injustiça social, prostituição, desemprego, situação constante de conflito, falta de saúde física e psíquica, depressão - dele ou de familiares -, estado permanente de frustração, negativismo, falta de acesso à escola, etc.


A Gazeta - Qual seria a melhor forma de prevenção?


Tenente Maciel - A melhor forma seria a existência do diálogo dentro da família, que constitui um forte fator de proteção e prevenção. Infelizmente, devido às urgências da vida moderna, os encontros entre os familiares, numa atmosfera de união e aconchego acabam ficando em segundo plano. Há um ditado popular que diz: “É melhor prevenir do que remediar”, o que já ficou provado e comprovado em nossa realidade político-econômica, e seus reflexos no campo da Saúde e da Educação brasileira. Já temos a certeza de que os custos das necessidades de assistência a um adolescente que se tornou viciado são muito maiores de que os gastos que deveriam ser empreendidas para prevenir que ela não se tornasse mais uma pessoa dependente químico.


A Gazeta - O que diria a população em suas considerações finais?


Tenente Maciel - Para finalizar peço a população de Itapeva e região que contem sempre com a Polícia Militar, pois estamos em parceria com a comunidade caminhando por uma sociedade mais segura. A população pode sempre contar com a Polícia Militar do Estado de São Paulo a qualquer hora para bem servir o cidadão pelos telefones 190 emergência da Polícia Militar o 193 do Corpo de Bombeiros da Policia Militar de São Paulo e o 181 disque denúncia de forma anônima.


A Gazeta - Qual é o efeito do crack no organismo da pessoa?


Ednelson- Cada organismo reage de uma forma, o primeiro efeito seria a perda do sentido daquilo que está fazendo, passar a viver em uma realidade que não existe, ver coisas que não são reais, ter esquecimentos, fazer coisas absurdas, que logo após não vem a se lembrar, sendo tudo momentâneo, logo voltando a sua consciência, mas de acordo com o tempo de uso o usuário pode começar a apresentar transtornos mentais, crises convulsivas, desmaios, entre outros danos a saúde. O final da vida de um adicto, seriam três: Hospital, cadeia ou cemitério.


A Gazeta - Quais as chances de uma pessoa que experimentou o crack voltar a usá-lo novamente?


Ednelson- A chance de abandonar o vício sozinho, sem acompanhamento médico ou psicológico, seria de 0%, ele só conseguirá a partir do momento que tiver um tratamento como na Instituição Mãe da Vida com internação de livre e espontânea vontade e com o convívio social. A família é o alicerce tendo que se responsabilizar com um acompanhamento psicológico e em grupos de apoio, para saber como lidar com o doente. Em 1977 a Organização Mundial da Saúde – OMS, considerou a dependência química como doença, devendo então ser tratados todos os casos doentes.


A Gazeta - Como é feito o tratamento desses dependentes na Mãe da Vida?


Sr Gimenes - A instituição tem uma gama de internos, que são homens, mulheres, menores, maiores e até idosos. Chegando aqui cuidamos dessa pessoa por 24h, quando completam 6 meses, podem ir pra casa e permanecer por uma semana, após 9 meses retorna para a sociedade e devagar vai se adaptando. O residente fica confinado a uma maneira de vida diferente, nos preocupamos com a reinserção na sociedade de maneira paulatina. Uma das coisas que procuramos fazer seria de dar condições de conseguirem um emprego, aprendendo dentro da instituição a ser pedreiro, pintor, padeiro, marceneiro, cozinheiro, entre outros. Temos a satisfação de dizer que aqui nós conseguimos um dos melhores índices de recuperação do Estado que seria superior a 65% na recuperação dos internos e sendo que este índice normalmente é por volta de 50 e 55%. Apesar de não usarmos medicamentos, nosso tratamento é muito eficaz.


A Gazeta - Quem são as pessoas que podem procurar a instituição?


Ednelson - Todas as pessoas que apresentam um desejo em mudar de vida, de deixar o álcool ou as drogas, sendo de livre e espontânea vontade, porque não ensinamos ninguém a largar da droga, trabalhamos com uma forma dele valorizar e alcançar os objetivos de vida e que sem droga vive mais feliz. A Comunidade Terapêutica Mãe da Vida está completando 10 anos de trabalho, nesse tempo muitas pessoas passaram por aqui e conseguiram se recuperar, tornando-se pais de família, outros foram para a universidade, se formaram em direito, em enfermagem, uns fazendo psicologia, isso tudo foi possível através da conscientização do grupo de trabalho, dos monitores e uma equipe que vem de fora para trazer um programa de recuperação através da espiritualidade, com leituras bíblicas, momentos de descontração com terapias ocupacionais, assim eles acabam vendo que a vida é muito boa sem o álcool e sem a droga.


A Gazeta - Como foi seu primeiro contato com as drogas e como chegou até o crack?


Carlos - Comecei com 11 anos por embalo dos amigos de escola, no início usei a maconha e com o tempo fui evoluindo até chegar ao crack e uma vez que se usa é difícil sair por ser uma droga muito forte, foi muito difícil para conseguir sair, pois vivia num mundo de ilusão fora da realidade, criávamos nosso próprio mundo. Eu só consegui sair com muita espiritualidade, porque acho que com os medicamentos, troca-se uma droga pela outra, enfim foi aqui que consegui se recuperar com Deus no coração.


A Gazeta- O que você diria aos adolescentes que estão longe do mundo das drogas?


Carlos - Nunca experimentem, porque entrar é muito fácil, o difícil é conseguir sair, nem todos podem ter a chance que eu tive, a ajuda da família, um lugar que te acolha, te trate bem e que te de essa força para parar de usar drogas.


A Gazeta- Como se sente agora longe das drogas?


Carlos - Me sinto bem melhor, agora comecei a viver, porque antes não vivia apenas vegetava. Hoje consigo ver tudo com clareza, trabalhar, ajudar o próximo com a experiência que eu tive e acreditando que os outros não precisem passar.




FONTE: BLOG SOROPOSITIVO.ORG

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Ubatuba, Litoral Norte, Brazil
Sou a Silmara, uma pessoa simples, risonha e de bem com a vida! Sou Coordenadora do Blablablá PositHivo, desenvolvido em parceria com a Prefeitura Municipal de Ubatuba, que tem como objetivo levar informações de DST/Aids em escolas e comunidades através do meu depoimento.Como coordenadora de literatura da Fundart criei o Projeto Psiu com a finalidade de descobrir e apoiar novos autores.Fui escritora sobre o Projeto Furnas, em Ubatuba.Tenho 25 crônicas classificadas em Concursos nacionais,inclusive o conto O Menininho Perdido classificado no concurso de Antologia Ponte dos Sonhos, na Alemanha e o poema Brava Gente de Ubatuba em Guadalaraja.Sou autora da cartilha Ambiente Vivo e do livro Flash, Você sabe o que eu tenho? Eu tenho amores, dores,senhores, sabores...Eu tenho atitude.E VOCÊ? Silmara Retti é madrinha do DTPK crew

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