domingo, 28 de junho de 2009

HISTÓRIA de Serginho


Eu não consigo me lembrar de nada, mas as pessoas contam que me encontraram desmaiado no banheiro ainda com o chuveiro ligado.Fui levado ás pressas para a Santa Casa e logo o médico afirmou com convicção: é Aids.O diagnóstico virou virou um babafá danado.Em pouco tempo todo mundo já sabia, menos eu, e até com detalhes: ele é drogado.Isto nunca foi segredo pra ninguém porque comecei a usar drogas de todo o tipo, muito cedo.Uns diziam: coitado.Outros, bem feito.Eu não conseguia raciocinar direito e o meu corpo continuava paralisado.Uma voluntária dava sopa na minha boca torta e meus parentes choravam ao redor.Recebi alta no dia dos Pais e entrei em casa carregado no colo, pois estava pesando 30 quilos.Até aquele momento achava que tinha tido um derrame,mas minha mulher me falou claramente que tínhamos Aids.Como assim? Ela estava amamentando o nosso filho de seis meses...Pra mim foi doloroso demais: fui o seu segundo parceiro sexual e ela nunca teve nenhum tipo de vício.Se revesava com meu irmão para me dar o banho.Muitas vezes não conseguia chegar a tempo no banheiro, me sujando todo.Ficamos sem grana e cortaram nossa água.Ninguém me falou que tinha direito ao meu fundo de garantia.Ficava sozinho em casa para que ela pudesse trabalhar e a minha vida foi passando como um filme: até pouco tempo era um rapaz forte, aparentemente saudável e ativo.Estava usando crak quando tudo aconteceu.Na minha primeira consulta entrei numa cadeira de rodas e o médico, que era meu companheiro de serviço, pois eu trabalhava no centro de Saúde, me explicou que tive uma toxoplasmose.No mesmo dia entrei com o coquetel e mais um monte de remédios.Jurei pra mim mesmo que nunca mais usaria drogas.O tempo foi passando e eu ficando cada vez mais careta.No começo me arrastava pelos cantos de casa, me apoiando nas paredes.Fiz fisioterapia durante anos e me arriscava a andar de bicicleta, caindo várias vezes pela rua.As drogas foram reaparecendo e foi muito difícil sair fora da situação, mas eu consegui.Hoje vai fazer onze anos que parei com tudo.Voltei a dirigir, faço curso de pintura e ajudei a fundar uma Associação de Apoio aos soropositivos.Reedescobri os verdadeiros prazeres da vida e com certeza, sou muito feliz ao lado da minha família.

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Quem sou EU?

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Ubatuba, Litoral Norte, Brazil
Sou a Silmara, uma pessoa simples, risonha e de bem com a vida! Sou Coordenadora do Blablablá PositHivo, desenvolvido em parceria com a Prefeitura Municipal de Ubatuba, que tem como objetivo levar informações de DST/Aids em escolas e comunidades através do meu depoimento.Como coordenadora de literatura da Fundart criei o Projeto Psiu com a finalidade de descobrir e apoiar novos autores.Fui escritora sobre o Projeto Furnas, em Ubatuba.Tenho 25 crônicas classificadas em Concursos nacionais,inclusive o conto O Menininho Perdido classificado no concurso de Antologia Ponte dos Sonhos, na Alemanha e o poema Brava Gente de Ubatuba em Guadalaraja.Sou autora da cartilha Ambiente Vivo e do livro Flash, Você sabe o que eu tenho? Eu tenho amores, dores,senhores, sabores...Eu tenho atitude.E VOCÊ? Silmara Retti é madrinha do DTPK crew

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